A osmose reversa é uma tecnologia amplamente consolidada para o tratamento de água, sendo aplicada em indústrias, hospitais, setores farmacêuticos, alimentícios e estações de reuso. Embora seus benefícios sejam amplamente reconhecidos — como alta eficiência na remoção de sais e contaminantes —, os custos operacionais são fatores determinantes para a viabilidade econômica de qualquer instalação. Este artigo apresenta uma análise detalhada dos principais componentes do custo operacional de sistemas de osmose reversa: energia, produtos químicos e substituição de membranas, com base nas informações técnicas dos fabricantes de membranas.
O consumo energético representa, na maioria dos casos, a maior parcela dos custos operacionais.
Variáveis determinantes: pressão de operação, tipo de água de alimentação (salobra ou água do mar), recuperação do sistema e eficiência do conjunto motor-bomba.
Consumo típico:
Sistemas de água salobra: 0,5 a 1,5 kWh/m³
Sistemas de água do mar: 3 a 6 kWh/m³
Exemplo:
Para uma planta de osmose reversa tratando 100 m³/dia de água salobra com consumo médio de 1 kWh/m³ e custo de R$ 0,70 por kWh, o gasto mensal com energia será de R$ 2.100. Se o sistema for otimizado com bombas de alta eficiência, esse valor pode ser reduzido em até 20%.
Redução de custos:
Produtos químicos são essenciais para manter a operação estável e prolongar a vida útil das membranas.
Previnem a formação de depósitos de sais, especialmente carbonatos, sulfatos e sílica.
Dosagem depende da qualidade da água e da taxa de recuperação.
Custo estimado: R$ 0,05 a R$ 0,15 por m³ tratado.
Recomendação: CIP a cada 3 a 6 meses, dependendo da carga orgânica e controle prévio de SDI.
Custo médio por CIP: R$ 2.000 a R$ 5.000, considerando produtos químicos, mão de obra e parada do sistema.
A presença de cloro livre degradada rapidamente as membranas de poliamida.
É recomendada a remoção total do cloro livre antes da membrana, geralmente via carvão ativado ou adição de metabissulfito de sódio.
O controle de bioincrustação deverá ser realizado através da dosagem de biocidas específicos para membranas de osmose reversa.
As membranas são o coração do sistema, e seu custo de reposição deve ser diluído ao longo da vida útil.
Vida útil típica: 3 a 5 anos (pode variar por qualidade da água e frequência de CIP).
Custo por membrana: R$ 4.000
Projeção de custo:
Em uma planta com 20 membranas, substituídas a cada 4 anos, o custo anual com membranas é de R$ 20.000, o que equivale a R$ 0,27/m³, considerando 200 m³/dia.
Dicas para prolongar a vida útil:
Sistemas de osmose reversa operam com recuperações entre 75% e 85% em água salobra.
O volume de rejeito deve ser tratado ou descartado conforme regulamentações ambientais, o que pode representar um custo adicional ou oportunidade de reúso.
Investir em sistemas de monitoramento online e controle automatizado pode reduzir falhas, otimizar dosagens químicas e identificar anomalias em tempo real.
Recomenda-se o uso de dados normalizados para avaliar tendências reais de desempenho, isolando o efeito de variáveis externas como temperatura.
Embora representem uma parcela menor, são essenciais para evitar falhas críticas e prolongar o ciclo operacional.
A compreensão detalhada dos custos operacionais de um sistema de osmose reversa permite não apenas estimar o custo por metro cúbico tratado, mas também otimizar o desempenho e aumentar a vida útil dos ativos. O uso das diretrizes do fabricante, é essencial para definir faixas de operação seguras, reduzir perdas e obter o melhor retorno sobre o investimento. Considerar todos os fatores — energia, químicos, membranas, descarte e monitoramento — é fundamental para manter a eficiência técnica e financeira do sistema ao longo dos anos.
Autor: Joaquim Marques Filho, M.Sc.